Um fenômeno diferente e não muito freqüente é a observação, no cume de uma montanha, de nossa imagem projetada nas camadas mais densas do nevoeiro, quando o Sol está próximo ao horizonte. A sombra, às vezes, pode atingir dimensões muito superiores à nossa própria estatura. Essa aparição reproduz os nossos movimentos, e ao redor da cabeça, que é a projeção da nossa própria, podemos ver uma série de brilhantes halos coloridos.
Alguns nomes que foram dados ao fenômeno confirmam o medo que ele inspira. É o caso do chamado espectro de Brocken, que ocorre no cume das montanhas Brocken, na Alemanha.
Este espectro é composto de duas partes distintas: a sombra e os anéis coloridos. Vale lembrar que, para alguns observadores, as sombras parecerão maiores que para outros. A razão é que, quando olhamos um objeto, inconscientemente formamos uma idéia de suas dimensões associando-o a dois outros parâmetros: o tamanho aparente e a distância em relação a nós. Assim, quando olhamos algo, damos a ele dimensões diferentes, em função do que imaginamos ser sua distância.
Um objeto parecerá tanto maior quanto mais distante acreditarmos estar dele.
Ao fazer o julgamento sobre distância ou afastamento para estimar as dimensões da sombra, podemos nos perturbar em nossa análise, pois em geral estamos habituados a determinar a distância de uma sombra projetada sobre uma superfície sólida. No caso do espectro de Brocken, a sombra se projeta através do nevoeiro. Nessa situação, a dimensão da sombra irá depender exclusivamente de nossa capacidade de estimar sua distância.
Ora, se o observador acreditar que o espectro de Brocken está localizado a uma grande distância, inconscientemente verá sua sombra com enormes proporções. Na verdade, o espectro está ampliado em conseqüência de um fenômeno atmosférico, no qual a refração (desvio de direção de raios luminosos) dos raios solares em camadas de ar de densidades diferentes cria uma projeção cônica, que aumenta as dimensões da sombra. Uma nuvem ou camada mais densa de nevoeiro pode servir como anteparo e, desse modo, revelar a sombra do obstáculo (o próprio observador) situado entre o Sol e o anteparo. Os anéis coloridos e concêntricos são conseqüência do efeito de difração (desvio dos raios luminosos ao incidirem sobre um corpo opaco) da luz sobre pequenas gotículas do nevoeiro.
Existem, aliás, duas direções no céu, onde podemos observar os efeitos da difração por gotículas de água e cristais de gelo. A primeira se dá quando, voltados para o Sol, podemos ver, através de uma fina nuvem, anéis de difração, como ocorre no caso das coroas ou halos. E, também, quando, de costas para o Sol, assistimos à luz solar incidindo sobre uma nuvem. Nessa ocasião, podemos ver o ponto antisolar envolto por anéis de difração concêntricos. Estes últimos constituem o arco que envolve a cabeça do espectro de Brocken.
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